Galinhada de Atala: estreia da Virada Gastronômica com tropeços
Postado em 07/05/2012 às 01:20 por Arnaldo Lorençato
Uma multidão se aglutinou no
fim da noite de ontem e início da madrugada de hoje em cima do Elevado
Costa e Silva. Todos que estavam por lá queriam ver o chef-celebridade Alex
Atala e provar a galinhada preparada em seu restaurante de cozinha brasileira, o Dalva e Dito.
Afinal, não é sempre que se tem a oportunidade de experimentar a culinária
defendida por um cozinheiro renomado como Atala, cujo restaurante D.O.M. foi premiado em 30 de abril o quarto
melhor do mundo pelo revista inglesa “Restaurant”. Uma chance e tanto para
estar em contato com o astro brasileiro e internacional dos fogões. O que a princípio parecia ser
simples, gerou problemas em série. Sem nenhum aviso prévio ao público, Atala
decidiu que não cobraria pela refeição. “Era a condição que propus para
participar da Virada”, disse Atala em conversa que tivemos por telefone. “Muita
gente pensou que estivesse comemorando o prêmio da revista ‘Restaurant’, mas
foi apenas uma coincidiência. Queria participar da Virada para mostrar que
cozinha brasileira também é cultura.”
+ Rumo ao topo: D.O.M. é
eleito o 4º melhor restaurante do mundo
A solução para oferecer a
galinhada gratuitamente foi a distribuição de senhas para quem quisesse receber
o prato. Mas não funcionou e muitos dos contemplados com a senha não
conseguiram a embalagem de papel com o frango ensopado, arroz e farofa. Faltou
combinar isso com a multidão que apareceu por todos os lados. Embora os
responsáveis pelo projeto Chefs na Rua pareçam ter se esforçado, não se
formaram filas, mas uma aglomeração de gente. Especialistas calculam que cerca
de 5.000 pessoas estavam na via elevada. Mais confusão à vista. Com o tumulto
formado pelo excesso de interessados na galinhada, cuja receita é de Geovane
Carneiro, subchef do D.O.M., a direção do
evento sugeriu que Atala não fosse à barraca, o que frustou os fãs. “Fui até o
Minhocão e cheguei a 100 metros da barraca, mas os responsáveis pela segurança
me tiraram de lá. Não acharam seguro que descesse do carro no meio da
confusão.” Para piorar a situação, não
havia energia elétrica para os fogões e ebulidores de água, assim como para os
refrigeradores. Era impossível aquecer os 200 quilos de frango preparados ao
longo de uma semana e embalados a vacuo em sacos plásticos. Também não havia
como esquentar os 47 quilos de farofa e os 86 quilos de arroz, transformados
não em 500, mas em 600 porções, como me contou uma das pessoas da equipe de
cozinha de Atala. Essa desorganização dos organizadores do evento gerou atraso,
com as porções sendo oferecidas timidamente à 0h45. O descontentamento do
público era tanto, que sobraram vaias justamente para Atala, originalmente o
homenageado da noite. Resultado: só o arroz e a
farofa estavam muito discretamente mornos, porque foram trazidos quentes do
restaurante. O jeito, como me contou a grávida Marli Albino que estava por lá e
conseguiu uma das disputadas marmitex brancas, era comer a galinhada fria
mesmo. Mas ela não se queixou. Dona de uma barrigão, vibrou com sua conquista. Com
uma procura tão grande, não provei o prato. Apenas fiz uma foto para que todos
pudessem saber como ele era servido no evento. Pouco após a 1h30, a comida
tinha terminado e a equipe de Atala partia. Depois de tanto tumulto, pode
parecer impossível, mas a multidão se dispersou com tranquilidade. Que venha a
próxima Virada Gastronômica, porém, com organização, muito mais organização.
Essa é a lição que fica.
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